Por que às vezes sofro com o que penso?

Quando pensamos sobre alguma coisa, geralmente estamos pensando sobre os outros, sobre o mundo ou sobre nós mesmos, e esses pensamentos são reflexos daquilo que temos de mais profundo em nossa personalidade: as nossas crenças centrais.

As crenças centrais nada mais são do que pensamentos que são compostos a partir da nossa experiência de vida e das interpretações que a ela atribuímos ao longo do nosso desenvolvimento: são as compreenções mais profundas e essenciais que temos sobre nós, o mundo e os outros. Com o tempo, essas crenças vão tornando-se tão rígidas e supergeneralizadas que passam a ser consideradas verdades absolutas por terem ganhado sentido ao longo da vida: transformam-se em pensamentos inquestionáveis e “normais”.

Acontece, que as crenças centrais podem ser tanto funcionais quanto disfuncionais, e quando temos crenças disfuncionais sobre nós, os outros ou o mundo, muitas vezes os pensamentos decorrentes desta crença são desarticulados com o contexto e, em geral, criam comportamentos desadaptativos e sofrimento emocional.

A Terapia Cognitivo Comportamental trabalha no processo de psicoterapia três tipos de crenças centrais. Veja os exemplos:

Crença central de desvalor: neste tipo de crença, é comum pensar que “eu não tenho valor”“eu sou um nada”, “eu sou um derrotado”.

Crença central de desamparo: pensamentos típicos de “eu sou fraco e vulnerável”“sou inadequado e ineficiente”, “sou um fracasso”.

Crença central de desamor: nesta crença, penso que “serei rejeitado”, “serei abandonado”, “estarei sempre sozinho”, “ninguém pode me amar”.

As crenças centrais funcionais e disfuncionais podem coexistir em um mesmo indivíduo e tornam-se “ativas” ou “inativas” de acordo com o contexto e o autoconhecimento que cada um tem sobre si. Para entender como isso funciona, imagine por exemplo que a crença central disfuncional é aquela música de fundo ruim que fica tocando. Quando a música ruim está tocando, você dança conforte esta música. Em outras palavras, quando a sua crença central disfuncional está ativada, você pensa e se comporta de acordo com esta crença.

É por isso, então, que às vezes sofremos com o que pensamos sobre nós, os outros e o mundo, uma vez que todos os nossos pensamentos, de alguma forma, estão ligados a alguma crença central disfuncional. No entanto, mesmo que as crenças sejam pensamentos rígidos e supergeneralizados, ainda assim ela é apenas uma das nossas percepções que foi aceita como “a verdade”.

As crenças centrais de desvalor, desamor e desamparo podem ser flexibilizadas no processo de psicoterapia e podem ceder espaço para a criação de outras crenças centrais que sejam mais funcionais e adaptadas com o seu contexto de vida.

Quando você faz terapia, você aprende a dançar outras músicas, além daquela música ruim que fica tocando repetidamente.

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